A Volkswagen colocará em lay-off (licença remunerada) cerca de 900 trabalhadores, 7,2% dos 12.500 trabalhadores que atuam na unidade de São Bernardo, disse ontem o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana. O afastamento começará no dia 5 e terá duração de 5 meses.
O sindicalista explicou que a empresa está 'insatisfeita com os resultados do primeiro trimestre', o que contribuiu para a decisão. Além disso, parcela desse efetivo estava nas linhas de produção desativadas do Gol G4 e da Kombi, que acabou sendo menos aproveitada. 'Nós trabalhamos para que a empresa colocasse dois novos modelos no lugar, mas ainda não há previsão para isso'.
A Volkswagen fabrica 1.300 veículos diariamente, revelou o sindicalista. 'E vai continuar produzindo. É que hoje esses 1.300 por dia contam com excedente de 1.000 trabalhadores.
Santana lembrou que, desde 2012, quando foi firmado acordo coletivo de manutenção do trabalho dos profissionais até março de 2017, o sindicato já esperava que esse momento chegaria. 'O lay-off é a forma que nós temos para garantir os empregos. Todos eles voltam depois do período. Não há motivo para se preocupar com demissões'.
Ontem, houve assembleia interna para comunicar o fato aos trabalhadores. Santana deixou claro que as chances de os colegas com sequelas de acidentes de trabalho ou doenças laborais saírem de licença são grandes. “Os encarregados recebem ordens para indicar quem vai entrar no lay-off e acabam olhando para aqueles que são menos produtivos. Mas isso não quer dizer que todos os trabalhadores com essas doenças produzem menos'.
Os licenciados terão bolsa do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) de R$ 1.304,63 – teto do seguro-desemprego, como prevê a lei do lay-off, destacou Santana. A Volks completará integralmente o restante do salário líquido. Ainda não há definição sobre os cursos de qualificação aos quais os profissionais serão submetidos durante os cinco meses de afastamento.
“Pela lei, eles devem ficar afastados por no mínimo 60 dias. Após isso, se a empresa entender que o mercado está melhor, eles serão reintegrados. Mas, caso não, pode ser que ocorra outro lay-off ao término do período com outros funcionários. Mas eles não serão demitidos por força do acordo”, explicou Santana. Procurada, a Volks preferiu não comentar o assunto.
DEMITIDOS - Santana admitiu que entre os 21 demitidos na semana passada há alguns com estabilidade. Garantiu que a entidade produz um dossiê para a reintegração dos colegas que se enquadram em casos que entenderem como de direito. Mas ele observou que a empresa utiliza cláusula da convenção coletiva de que o operário deve colaborar para a sua recuperação. 'Alguns deles nos procuraram para pedir o emprego de volta. Mas vamos apurar caso a caso'.
O acordo coletivo prevê estabilidade para doentes laborais e acidentados no trabalho.
Colegas da Scania terão férias coletivas em maio
A Scania vai colocar cerca de 80% de sua fábrica em São Bernardo, ou seja, 3.200 operários, em férias coletivas a partir do dia 12, com retorno programado para o dia 26. Segundo a diretoria ad montadora de caminhões, a decisão foi tomada por causa do 'desaquecimento dos mercados brasileiro e argentino', e consequente ajuste de volumes de produção.
Ainda de acordo com a nota da companhia, que é especializada em veículos pesados e extrapesados e em chassis de ônibus, por operar em sistema global de produção, a Scania continuará avaliando mês a mês as condições da conomia para definir o ritmo de fabricação.
Segundo diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa informou também que, em razão de indefinições em relação a regras de financiamento, do BNDES, no fim de 2013, teria havido antecipação de compras, por parte dos clientes.
Além disso, as vendas de veículos para a Argentina, principal cliente do Brasil no Exterior, registraram queda de 25% neste início de ano, na comparação com o primeiro trimestre de 2013.
GENERAL MOTORS - Depois de abrir, em março, um PDV que teve adesão bem menor do que o esperado – a meta era chegar a 600, mas só participaram 348 –, a General Motors vem, gradualmente, demitindo ou deixando de renovar contratos de trabalho por prazo determinado na fábrica do Grande ABC, dise o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão. Segundo ele, nesse período já foram desligadas mais 50 operários.
O dirigente afirma ainda que a entidade tem buscado diálogo com a montadora, para tentar reduzir os cortes e para que seja mantido o terceiro turno no local. A unidade fabril, que conta com 11.000 trabalhadores, está parada, já que os empregados estão em férias coletivas até dia 28, quando retornam à atividade.
Adapatamos informações do Diário do Grande ABC
Colaboração: Marko Ajdaric