Os trabalhadores das Minas da Panasqueira, em Covilhã, decidiram no dia 11, em reunião plenária, fazer mais dois dias de greve para continuar a reivindicar o aumento dos salários, disse à agência de notícias Lusa o Sindicato da Indústria Mineira.

Esta será a terceira greve realizada este ano e cumpre-se nos dias 31 de abril e 2 de maio, o que equivale a uma greve de 48 horas seguidas já que no dia Primeiro de maio é feriado também em Portugal.
"Temos de endurecer a luta porque a empresa teima em não ouvir os nossos argumentos", disse o sindicalista Luís Paulo Mendes, ao final da plenária durante o qual explicou as razões pelas quais não foi estabelecido acordo na reunião tripartida realizada na quinta-feira.
De acordo com o sindicalista, a Sojistz Beralt Tin & Wolfram Portugal, concessionária desta exploração de volfrâmio, aceitou retirar a proposta de alteração de horário de trabalho (pretendia que se realizassem turnos de dez horas seguidas, em vez das atuais oito horas) e realizar um aumento de cerca nove cêntimos por dia, o que foi considerado "manifestamente insuficiente" pelos representantes dos mineiros.
"Se fizermos contas, seria um aumento mensal inferior a três euros, o que, como todos sabemos, não dá para nada", frisou o sindicalista, sublinhando que a decisão de não estabelecer acordo foi hoje aprovada pelos mineiros.
Na quinta-feira, em declarações à Lusa, Alfredo Franco, presidente do conselho de administração da empresa, sublinhou que a empresa "espera este ano um prejuízo de cerca de 2,5 milhões de euros" e realçou que o acionista estrangeiro já investiu 6,5 milhões de euros desde a aquisição da companhia, pelo que "perante a possibilidade de ter de pôr mais dinheiro para pagar salários este ano encara ou a venda ou o fecho".
Afirmações, que o Sindicato da Indústria Mineira contesta e classifica como uma "ameaça clara".
"É falso que a mina dê prejuízo. Já nos dizem isso há seis anos, mas se isso fosse verdade o acionista não continuaria cá. E quando dizem que fecham só estão a tentar pressionar-nos para que abdiquemos dos nossos direitos", afirmou Luís Paulo Mendes.
Nas Minas da Panasqueira trabalham atualmente cerca de 360 colegas portugueses.
A multinacional concessionária das minas da Panasqueira retirou a sua proposta de reorganização dos horários. Os trabalhadores decidiram manter a luta por aumento dos salários e melhores condições de vida.
Em uma reunião do dia 10 de abril, na delegação da DGERT* na cidade do do Porto, a administração recuou na intenção de instituir horários concentrados e em regime de laboração contínua, o que constitui um importante resultado da luta já realizada, particularmente as greves de 10 de Março e de 3 e 4 de Abril e a greve ao trabalho extraordinário, iniciada a 20 de Fevereiro.
No entanto, a proposta salarial que a empresa apresentou significa um aumento de menos de dez cêntimos por dia, inferior a três euros por mês. No plenário que teve lugar ontem, os trabalhadores consideraram esta posição patronal manifestamente insuficiente. Decidiram manter a greve a todo o trabalho suplementar e mandataram o STIM para convocar greves de 24 horas, a realizar nos dias 30 de Abril e 2 de Maio, o que irá levar à paralisação da laboração durante cinco dias consecutivos.
Os trabalhadores e o sindicato não aceitam a justificação patronal de previsão de prejuízos para o próximo ano e recusam essa forma de pressão, mantendo disponibilidade para prosseguir a negociação.
Fontes: Agêncialusa e Fiequimetal (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas)
*Direcção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho: trata-se de 'um serviço central da administração direta do Estado que tem por missão apoiar a conceção das políticas relativas ao emprego, formação e certificação profissional e às relações profissionais, incluindo as condições de trabalho e de segurança, saúde e bem-estar no trabalho, cabendo-lhe ainda o acompanhamento e fomento da contratação coletiva e a prevenção de conflitos coletivos de trabalho', segundo o site oficial, consultado por nós.
Colaboração: Marko Ajdaric