Ao final de um ano em que as montadoras foram largamente beneficiadas pelo governo federal com incentivos fiscais, a General Motors comunicou, por meio de telegramas, a demissão de centenas de trabalhadores da fábrica de São José dos Campos (no Nordeste do estado de São Paulo). Segundo nota oficial do Sindicato dos Metalúrgicos, até a manhã de segunda-feira (dia 30), a empresa não deu qualquer informação sobre quantos trabalhadores e quais setores foram atingidos pela medida.
O anúncio aconteceu na semana em que as montadoras receberam mais um presente do governo federal, com o parcelamento da volta da alíquota cheia do IPI para automóveis. A medida foi tomada no momento em que a fábrica não está em atividade, com a ampla maioria dos trabalhadores em férias coletivas até o dia 20 de janeiro, após um ano de intensa produção.
A direção do sindicato protesta também por nem sequer ter sido comunicada pela empresa sobre as demissões, e reforça a falta de transparência por parte da GM.
As demissões são injustificáveis. Além dos benefícios fiscais por parte dos governos federal e do estado, a GM, com os novos modelos lançados em 2013, alcançou aumento nas vendas e nas exportações. Isso demonstra que não existe crise na empresa, diz a nota oficial, que "a empresa vem usando as demissões apenas como forma de ampliar seus lucros’.
Até trabalhadores em situação de estabilidade por estarem lesionados ou em fase de pré aposentadoria, condição prevista na convenção coletiva da categoria, foram demitidos.
Intervenção
Desde 2012, o Sindicato vem realizando uma ampla campanha em defesa dos empregos na GM, com mobilizações dos trabalhadores e exigência ao governo federal para que a presidente Dilma Rousseff impedisse os planos de demissões da montadora.
"Exigimos a intervenção da presidenta Dilma neste caso, já que a GM foi uma das grandes beneficiadas pelos incentivos fiscais dados pelo governo, como, por exemplo, a redução de IPI. A empresa não pode usar esses benefícios para realizar demissões", protestou Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, presidente da entidade.
A nota do sindicato cita ainda que somente nos dois últimos anos, cerca de R$ 6 bilhões deixaram de ser arrecadados em razão da renúncia fiscal do governo no setor automobilístico. Este dinheiro poderia – por exemplo -ser usado na melhoria de serviços públicos como saúde, educação e transporte para a população.
Assembleia
Na manhã desta segunda-feira, houve assembleia com uma parcela dos trabalhadores demitidos. A atitude da GM foi repudiada pelos metalúrgicos, que aprovaram a realização de uma campanha nacional e internacional pela suspensão das demissões e pela estabilidade no emprego, com um chamado a todas as entidades sindicais e populares para que se integrem a essa luta.
Foi deliberado que a categoria vai buscar audiências com os governos federal, estadual e municipal para denunciar as demissões e exigir um posicionamento das autoridades em favor dos trabalhadores.
Também está sendo preparada uma ação visando a suspensão das demissões pela Justiça do Trabalho. A direção do sindicato ainda vai cobrar da GM os investimentos previstos para a fábrica de São José dos Campos. Em junho, foi assinado um acordo para que a montadora trouxesse para a planta local investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões, o que geraria 2.500 empregos diretos.
Por fim, os sindicalistas vão procurar o Ministério Público para agendar uma audiência em que serão denunciadas as demissões ilegais dos operários estáveis. Uma nova assembleia com todos os demitidos e seus familiares ficou agendada para 8 de janeiro, às 10 horas, na sede do sindicato.
Fonte: adaptamos de Vermelho
Colaboração: Marko Ajdaric