A Petrobrás tem atrasado pagamentos a fornecedores e provocado dificuldades financeiras oas integrantes da cadeia de prestadores de serviços, após ter adotado uma política de redução de custos.
Em Alagoas, não é diferente, empresas contratadas pela estatal estão dando calotes nos trabalhadores e sumindo do estado. A denúncia foi feita pelo diretor presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Alagoas, Jobson Torres. Ele explicou que nestes casos, a própria Petrobras paga, por ser a corresponsável por contratar essas empresas.
'Os direitos trabalhistas em grande parte são pagos pela Petrobras, já que essas empresas não apresentam patrimônio para penhora judicial. A Petrobras paga como corresponsável por ser a contratante dessas empresas. O problema se iniciou com a SDM, que sumiu e deixou os trabalhadores sem receber. O sindicato acionou a justiça e a Petrobras acabou pagando a conta', disse.
Outras empresas chegaram a Alagoas, mas acabaram tendo o mesmo problema que a SDM; foram os casos da Tecmaster e da Montec, que em decorrência de procedimento com os preços oferecidos pela Petrobras, chegaram a quase decretar falência.
'O caos não termina aqui, a empresa Cemom que também atuou em Alagoas está em recuperação judicial, a Inova também teve sérias dificuldades e a Sertel saiu do estado e não pagou as recisões'.
PROBLEMAS EM OUTROS ESTADOS
A Proen Engenharia, que também prestou serviços em Alagoas, através de contrato da Petrobras, foi acionada na justiça pelo Ministério Público do Trabalho, por não pagar os vencimentos aos funcionários, mas o problema não se fixa apenas aqui: na Bahia os trabalhadores ficaram sem receber salários, 13º, rescisões, vale alimentação.
'A maioria dessas empresas que sumiram de Alagoas está atuando em outros estados, e - certamente - dando o mesmo calote que deu na maioria dos metalúrgicos alagoanos.
Proen, SDM, Inova, Sertel sumiram sem pagar nada aos operários. A TQM veio para substituir a Sertel, mas em pouco tempo sumiu, deixando os trabalhadores na mão. O problema não está só em Alagoas, a Produman e Ecman faliram na Bahia e em Sergipe pelo mesmo problema com a Petrobras', ressaltou Jobson.
Segundo informações, a Petrobrás tem demorado mais tempo para liberar os aditivos aos contratos. Nas licitações, as empresas ganhavam oferecendo um orçamento abaixo do valor de mercado e depois recorriam aos aditivos, uma prática comum, já que depois esses aditivos eram liberados com mais facilidade.
INADIMPLÊNCIA DA PETROBRAS
Outro fato é o problema com as empresas que não são contratadas e que apenas prestam serviços de encomendas, como por exemplo a Jaraguá, que chegou a atrasar salários dos trabalhadores por conta da inadimplência da empresa petroleira.
A Caldemon é outra que teve problemas de pagamentos, devido a mesma situação da Jaraguá, aonde tiveram que demitir uma grande parte de operários. 'Nosso temor é que a Petrobras venha a ficar inadimplente com a Consórcio Tomé Ferrostaal, que possui o maior número de empregados: se esse fato chegar a ocorrer, quase 2.000 homens podem ficar sem empregos'.
Por fim, o presidente do sindicato dos metalúrgicos do estado vizinho pediu que a Petrobras tivesse mais rigor nos processos licitatórios, e que o serviço contratado fosse feito através da liberação que consta na programação do contrato. 'Sugiro também que a estatal no momento da licitação analise as empresas e as quais apresentem o menor valor, sejam eliminadas e não aceitas, pois quem sai perdendo nessa história toda é o trabalhador'.
Adaptado de Extra (Maceió)
Colaboração: Marko Ajdaric