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O racismo no mercado de trabalho

Geral, 18 de Novembro de 2013 às 12:57h

O negro tem salário menor por possuir menos escolaridade. Esse é um mito que por muito tempo tentou encobrir o preconceito no mercado de trabalho. Um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) revela justamente o contrário: quanto maior a escolaridade cresce a diferença salarial entre negros e não negros.


O estudo Os Negros no Trabalho entrevistou 1,2 milhão de pessoas, entre 2011 e 2012. Neste período, comprovou-se que com o aumento dos anos de estudo, cresce o fosso salarial entre os brasileiros de cores diferentes. Na indústria de transformação a desigualdade de rendimento por hora entre negros e brancos era de 18,4% no ensino fundamental incompleto e 40,1% para as pessoas com ensino superior completo. Já no setor do comércio, os índices ficaram em 19,7% para os que não completaram o fundamental e 39,1% para aqueles com diploma universitário. Na construção civil, onde a presença de negros é muito maior do que a de brancos, a diferença salarial registrada foi de 15,6% sem fundamental completo e 24,4% para quem já saiu da universidade.


Também ficou comprovado que os trabalhadores negros têm menos escolaridade. Entre 2011 e 2012, 27,3% entre os negros ocupados não tinham ensino fundamental completo e somente 11,8% contavam com diploma universitário. Já na parcela dos não negros os índices eram 17,8% e 23,4% respectivamente. Outro dado fundamental refere-se à diferença salarial entre negros e brancos. Já entre as sete regiões metropolitanas pesquisadas, Salvador apresentou a maior disparidade. A capital baiana lidera o ranking onde os negros recebem 40,14% a menos do que os brancos, seguida por São Paulo (38,95%) e em último vem Fortaleza onde os negros ganham 24,34% a menos. No total da pesquisa, o negro brasileiro ganha salário 36,11% menor do que os brancos no país.


A pesquisa do Dieese ressalta a dissimulação do racismo brasileiro. Mesmo com a Abolição aos negros couberam os cargos de menor remuneração no mercado de trabalho, os ex-escravos foram jogados à própria sorte, abandonados pelo Estado. Essa realidade se reflete na pesquisa no sentido pelo qual, “a questão racial interfere par designar lugares para trabalhadores negros na estrutura produtiva, passíveis de serem traduzidos por situações de discriminação não determinadas pelos critérios objetivos da produção, que acarretam desvantagens aos afro-brasileiros”, concluem os responsáveis pelo levantamento.
 

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