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UISMM repudia o fechamento das fábricas da Ford no Brasil

Geral, 12 de Janeiro de 2021 às 20:19h

Salvador (Brasil), 12 de janeiro de 2021.

 

A União Internacional Sindical de Metalúrgicos e Mineiros (UISMM) da Federação Sindical Mundial (FSM) repudia a decisão anunciada pela Ford, nesta segunda-feira, 11 de janeiro, de fechar suas três fábricas em território brasileiro.

 

No total, entre vagas diretas e indiretas, cerca de 25 mil famílias serão afetadas com o encerramento das atividades em Camaçari (Bahia), Taubaté (São Paulo) e Horizonte (Ceará).

 

A UISMM se coloca ao lado dos trabalhadores e dos sindicatos de cada uma dessas cidades, no intuito de tentar reverter as demissões e garantir que os empregos sejam preservados.

 

É lamentável que a Ford tome uma decisão dessa natureza em um momento de tanta dificuldade para a economia brasileira, durante a pandemia do novo coronavírus. A multinacional dos Estados Unidos obteve lucros bilionários no Brasil nas duas últimas décadas. Além disso, recebeu grandes recursos do governo federal, na forma de isenção fiscal, para manter os empregos em suas fábricas.

 

Na condição de dirigente por mais de uma década do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, na Bahia, fui testemunha dos inúmeros avanços que nossa categoria obteve nas negociações com a Ford desde que a fábrica entrou em funcionamento na região, localizada a cerca de 50km de Salvador. Conquistamos salários e direitos dignos para milhares de trabalhadores e trabalhadoras devido à muita luta. Temos a convicção de que essa luta não se encerrará aqui.

 

Para a UISMM, a decisão da Ford também reflete a conjuntura econômica mundial e a incompetência do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. A crise de 2007-2008 ainda hoje repercute sobre o capitalismo, em especial no poderio imperialista dos Estados Unidos, com graves consequências para suas empresas e seu mercado de consumo. Em relação ao Brasil, é notório o descaso do atual governo em relação ao fortalecimento da indústria nacional. Hoje isso se reflete nas demissões da Ford, mas o cenário é ainda mais complexo: não há sequer seringas em número suficiente para aplicar as vacinas contra a Covid-19 nos cerca de 210 milhões de brasileiros.

 

O Brasil viveu um período de prosperidade entre 2003 e 2014, durante os governos populares de Lula e Dilma Rousseff, mas o golpe de 2016 trouxe retrocessos históricos para a sociedade em geral. A eleição de Bolsonaro, em 2018, é o maior símbolo desse período terrível. Um outro dado reflete a dimensão do desafio que os brasileiros estão enfrentando: estima-se que nos últimos cinco anos cerca de 13 mil pequenas, médias e grandes indústrias foram fechadas.

 

Recentemente, Bolsonaro foi questionado sobre possíveis estratégias para tirar o Brasil da atual crise econômica. De imediato, disse que nada poderia fazer. Diante de um líder com esse perfil, por que uma multinacional se preocuparia em manter seus negócios ou até mesmo buscar soluções para se manter em território nacional?

 

Enquanto o Brasil vê milhares de trabalhadores perderem seus empregos, a Ford anunciou, há pouco mais de um mês, investimentos de US$ 700 milhões na Argentina. Apesar de contar com o maior mercado de vendas da América do Sul, o Brasil passará a ser abastecido pelos automóveis produzidos por seu vizinho. Ao contrário de Bolsonaro, o presidente argentino, Alberto Fernandez, atuou com firmeza no sentido de incentivar a indústria de seu país.

 

A UISMM reafirma seu apoio e entende que ainda é tempo de negociar com a Ford e quaisquer outras multinacionais que planejem demitir funcionários em território brasileiro. Governadores, prefeitos, líderes sindicais e empresários da cadeia automotiva precisam se unir para buscar alternativas que impeçam milhares de demissões. 

 

Francisco Sousa - Secretário-geral

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