Desativada desde fevereiro de 2016, a aciaria da Gerdau de Mogi das Cruzes, localizada em César de Souza, deverá ser reativada a partir de março, com a geração de 110 novos postos de trabalho no setor com capacidade para produzir 375 mil toneladas de aços especiais por ano. As notícias sobre os preparativos para a retomada das atividades começaram a ganhar força nas últimas semanas na Cidade, a partir de relatos de trabalhadores que aqui residem, mas foram transferidos para a planta de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba.
O fechamento da aciaria foi um dos pontos altos da crise econômica que apenas no Alto Tietê, entre 2015 e 2016, encerrou 95 mil postos de trabalho, segundo pesquisas sobre o desemprego. Em Mogi, a Gerdau possuía 350 trabalhadores antes da decisão de desativar o setor, e permanecer apenas com os serviços de transformação mecânica, manutenção, vendas e administração. Juntas, essas áreas, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Mogi das Cruzes, empregam atualmente cerca de uma centena de pessoas.
Move a decisão da empresa, "a retomada da indústria automotiva no Brasil". Além da planta mogiana, a Gerdau possui duas usinas de aços especiais, localizadas em Charqueadas (RS) e Pindamonhangaba, sendo que as três plantas têm capacidade para produzir 1,4 milhão de toneladas do produto, "com plenas condições para atender a expansão da demanda da indústria automotiva até 2025", segundo o posicionamento da empresa.
No último dia 9, O Diário solicitou um pedido de informações à Assessoria de Imprensa da empresa, sobre os rumores da reativação. Em resposta, a empresa confirmou a realização dos estudos para o que foi divulgado, ontem, em um comunicado disparado à Imprensa.
Silvio Bernardo, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Mogi das Cruzes e São Paulo, contou ontem que esperava pela retomada do setor ainda esse ano. Mas, a confirmação para março, o animou. "São as primeiras sinalizações positivas", disse. Apesar da boa notícia, ele ponderou: "É um sinal, mas é preciso considerar que temos 14 milhões de desempregados no Brasil".
Ele contou que a Gerdau chegou a empregar cerca de 400 pessoas, e veio perdendo o fôlego nos últimos oito anos até o fechamento da aciaria, no início do ano passado, num processo que começou com a licença remunerada, uma opção seguida durante alguns meses até a demissão da maior parte do quadro de funcionários. Alguns trabalhadores de Mogi das Cruzes, no entanto, foram remanejados para Pindamonhangaba, e já contam com o retorno para o endereço mogiano. Esses profissionais vão de ônibus fretado para a cidade do Vale do Paraíba.
Bernardo confia na recontratação dos trabalhadores demitidos que ainda não voltaram para o mercado de trabalho.
Texto de Eliane José para o Diário de Mogi
Pesquisa e seleção de Marko Ajdaric