A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) em parceria com o Centro de Estudos Sindicais (CES) e a secretaria nacional de Formação e Cultura promoveram na noite desta quarta-feira (5), no auditório do sindicato dos Marceneiros, em São Paulo, a aula inaugural de sua recém criada Escola Nacional de Formação.
Com a participação de dirigentes sindicais de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas, Sergipe e Minas Gerais, a cerimônia de abertura foi conduzida pela secretária de Formação da central, Celina Arêas, que promove junto ao CES cursos de formação sindical e consciência política e de classe em capitais e pequenos municípios do país.
Missão cumprida
"Nestes dez anos de existência, nós fizemos o possível e o impossível para levar a questão da formação por esse imenso Brasil", disse Celina, salientando o papel fundamental do conhecimento e da qualificação para a atuação do movimento sindical como um todo. "Sairemos daqui com a certeza da importância da formação para que a gente possa vencer esta conjuntura que atravessamos".
O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, destacou que a inauguração da escola na conjuntura em que vivemos envolve importantes desafios: "É um ato de grande envergadura. Enfrentaremos a ofensiva neoliberal que bate à porta, empreenderemos um esforço para melhorar a nossa qualificação e teremos de defender nossos sindicatos e organizações que estão sendo vilipendiados".
Para Rogério Nunes, secretário de políticas sociais e do CES, a Escola é mais um ato de valentia da CTB em sua luta na defesa dos direitos da classe trabalhadora. "Não é qualquer central que tem a ousadia de criar uma escola de formação sindical com conteúdo classista: de luta política e de classe", diz Nunes.
O novo presidente da CTB-SP, Rene Vicente, também participou da mesa de abertura e parabenizou a central pela concretização do projeto da Escola Nacional.
O secretário de Relações Internacionais da CTB e secretário-geral da Federação Sindical Mundial (FSM), Divanilton Pereira, também elogiou a ousadia da central. "Que este gesto seja exemplo e inspiração para reforçar o sindicalismo classista em escala mundial".
Divanilton informou, em primeira mão, que a FSM nomeou 2018 como o Ano Internacional da Formação Sindical - decisão que nasceu de uma proposta da CTB.
Aula de sindicalismo
O juiz desembargador do Trabalho José Carlos Arouca ministrou a aula inaugural da Escola com um relato histórico do sindicalismo no Brasil desde o início do século XX, na era Pré-Vargas, até os dias de hoje, passando pela criação da CLT, em 1943, a Constituição Cidadã, em 1988, e a derrocada recente com o impeachment e os projetos que desmontam o conjunto de direitos trabalhistas.
"É um orgulho participar deste evento, promovido por uma central combativa, com trabalhadores interessados em transmitir conhecimentos a suas bases. Principalmente neste momento em que somos ameaçados por uma reforma nunca vista e nunca pensada para o Brasil", disse Arouca.
E deixou uma mensagem otimista em meio ao cenário hostil: citou o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e caso português: Portugal viu todos os seus direitos trabalhistas naufragarem em projetos neoliberais semelhantes aos que grassam no Brasil. Mas conseguiu virar o jogo e está revertendo o quadro. Mudança que ele atribui à unidade poítica das esquerdas e do movimento sindical, que souberam administrar as divergências e seguir na luta.
Fonte: Portal CTB