Depois da eleição do republicano Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, o mundo começou a se preocupar ainda mais com medidas protecionistas, que vêm impondo barreiras às importações e colocando freio ao livre comércio mundial e à globalização. No Brasil, o alvo mais recente da política protecionista e motivo de demanda na Organização Mundial do Comércio (OMC) é o aço plano. As vendas para os Estados Unidos encolheram depois de uma combinação de menor demanda mundial e sobretaxação norte-americana ao produto.
Maior fabricante nacional de produtos siderúrgicos, Minas é responsável por 36% da produção bruta de aço do país e não escapou das medidas protecionistas que fecharam mercado para o aço plano.O presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Fernandes, aponta que siderúrgicas com produção no estado e unidades nos Estados Unidos já sentem o peso da medida. "A taxação norte-americana tem prejudicado os contratos de longo prazo, principalmente no caso da produção casada entre os países", alertou.
Neste mês, o Brasil deu entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) com pedido de consulta aos Estados Unidos questionando as sobretaxas norte-americanas aos produtos exportados pela Usiminas e CSN. Só a Usiminas, localizada em Ipatinga, é responsável por 33% de toda produção brasileira de aço plano. Especialistas acreditam que a taxação americana ao produto nacional pode ser revertida, mas ao mesmo tempo não descartam que o governo de Donald Trump pode acirrar a onda.
Os Estados Unidos estão entre os principais destinos dos produtos siderúrgicos nacionais, com uma fatia de 40,5% segundo o Instituto Aço Brasil. O percentual é quase o dobro do que é vendido para a Europa, por exemplo, 22% do total das exportações. Apesar de considerar que o Brasil tem chances de reverter o processo e derrubar as barreiras na OMC, Lincoln Fernandes observa que existe um movimento a favor da proteção no mundo. No caso do aço, mesmo que a medida tenha como foco principal barrar a produção chinesa que é a maior do mundo, a medida reflete também em outros países produtores, como o Brasil, em um momento de baixa demanda mundial. Para se ter ideia, de janeiro a setembro deste ano, na comparação com igual período em 2015, as exportações de produtos siderúrgicos somaram US$ 4,1 bilhões, queda de 16,5% frente ao ano passado.
Por outro lado, enquanto briga contra as medidas que sobretaxam a produto nacional, o Brasil também é autor de medidas para proteger o mercado nacional. "O Brasil também foi condenado na OMC por vantagens concedidas à indústria automotiva. De um lado somos acoçados pelos americanos e de outro também praticamos ações de protecionismo", aponta o especialista.
Fonte: adaptamos texto de jornal Estado de Minas. (matéria de Marinella Castro)
Pesquisa, seleção e texto final de Marko Ajdaric