A visão estratégica e habilidade do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari/CTB, na mesa de negociação com os patrões, garantiram o fechamento de mais um acordo histórico no movimento sindical brasileiro, aprovado pelos trabalhadores em assembleia realizada no dia 9 de novembro.

O acordo com o Complexo Ford tem duração de dois anos e garante aumento real dos salários, jornada de 40 horas (nos mesmos moldes praticados atualmente) e o retorno dos trabalhadores em lay off após o final do prazo da suspensão do contrato de trabalho, dia 16 de janeiro, resultando na reativação do 3º Turno de Trabalho, além de uma série de benefícios.

Só para se ter uma ideia da importância do acordo conquistado pelos metalúrgicos de Camaçari, outras categorias em todo país enfrentam enormes dificuldades, como o desgaste da greve. Os bancários, por exemplo, cruzaram os braços por 31 dias e enfrentaram a intransigência de um dos setores mais lucrativos do país, que é o mercado financeiro, formado por grandes bancos e agentes econômicos. Apesar da ampla mobilização, os bancários não conseguiram avançar no acordo tanto quanto os metalúrgicos.  

A comparação com outras empresas do setor automotivo mostra o quanto em Camaçari os trabalhadores têm percorrido um caminho de importantes vitórias. Enquanto aqui o avanço financeiro no bolso da categoria só avança, mesmo em tempos de crise econômicas, nas outras montadoras do Brasil o cenário é terrível: as montadoras em São Paulo, por exemplo, não pagam abono aos funcionários há seis anos. O setor de autopeças fora da Bahia nunca recebeu abono. Nas cidades paulistas de São Bernardo do Campo e Taubaté os salários e a PL estão congelados, não há pagamento de abono e ocorre um agressivo processo de demissão em massa.

TERCEIRO TURNO
A Lei obriga as empresas a pagarem 20% de adicional noturno aos trabalhadores que têm direito a este benefício. O acordo no Complexo Ford é de 44,29%, com hora cheia, mas esse percentual foi reduzido para 37,14% em hora reduzida, até dezembro de 2017, para garantir o retorno do terceiro turno em meados de fevereiro, mais uma grande vitória do Sindicato. A partir de Janeiro, o adicional noturno retorna ao patamar de 44,29%.

JORNADA
O Sindicato também aprovou jornada de trabalho do Operacional. A manutenção, que fica no mesmo horário da Operacional, que era 62626263 passa ao regime 62636263, aumentando a quantidade de folga para o trabalhador. Serão mais de nove folgas no ano. Mais um benefício conquistado na mesa de negociação.

FIM DO LAY OFF
Os trabalhadores do Complexo Ford também estão vendo chegar cada vez mais próximo o fim do lay off em toda a montadora, medida extremamente necessária que evitou demissão em massa e preservou milhares de postos de trabalho. Até o dia 13 de janeiro de 2017, todos os trabalhadores com contrato de trabalho suspenso vão retornar ao chão de fábrica no Complexo Ford, encerrando um período de lay off que foi fundamental na luta pelo emprego.

VISTEON
Ainda na luta pela preservação do emprego, o Sindicato conseguiu convencer o Complexo Ford a absorver pelo menos cerca de 70% dos trabalhadores que iriam ficar desempregados com o encerramento das atividades da Visteon. Os trabalhadores já começam a atuar como Ford no dia 16 de janeiro. Mais uma vez, foi possível fazer esse remanejamento interno e assegurar os postos de trabalho. Mais uma ação efetiva do Sindicato.
Para o presidente do Sindicato, Júlio Bonfim, o acordo de dois anos protege o trabalhador de instabilidades na economia e já assegura uma série de benefício. “Conseguimos fechar um acordo que garante aumento real de salário, abono, fim do lay off e o retorno do 3º turno. Isso mostra o quanto nosso trabalho é sério e comprometido com o chão de fábrica. Diferente de outras bases no Brasil, aqui em Camaçari estamos vencendo a crise com garantia do emprego, avanços econômicos e sociais. Esse acordo é resultado de um grande esforço e união entre o Sindicato e o chão de fábrica”, explica Júlio.