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'Corpo de metalúrgico é enterrado sob revolta

Geral, 09 de Maio de 2016 às 15:42h

Foi enterrado na manhã de hoje o corpo do metalúrgico Denis da Silva, de 37 anos. Ele morreu na tarde de sexta-feira (dia 6) no Hospital Oeste d'Or, em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. O enterro aconteceu às 9 horas, no Cemitério Portal da Saudade, sob revolta de amigos e familiares do trabalhador.
 
Denis, que era morador do bairro Água Limpa, é a terceira vítima de um incêndio ocorrido no dia 25 de março, na Usina Presidente Vargas (UPV), da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
 
Na semana anterior, Renan Martins, 29, também morreu. Seu corpo foi enterrado quinta-feira (dia 5) na presença de centenas de pessoas, entre familiares e amigos, também no Cemitério Portal da Saudade.
 
O mecânico Aluenio Alves, 31 anos, é o único que permanece internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Oeste D'Or.
 
Wanderlei dos Santos, de 38 anos, foi a primeira pessoa que morreu no acidente. Ele teve 70% do corpo queimado e morreu no mês passado.
 
A equipe do A Voz da Cidade acompanhou o enterro de Denis e conversou com alguns parentes e amigos. Todos se mostraram indignados e enfurecidos com a tragédia e lembraram que o fato causou ainda mais angústia por tornar o Dia das Mães uma data de tristeza e dor. "Eu ainda não consigo acreditar no que aconteceu. Ele era uma pessoa muito querida, gostava de trabalhar e estava sempre disposto a ajudar. Nunca escutei ele falando nada do seu local de serviço. Quando eu o encontrava na rua em alguns momentos ele somente comentava que estava muito cansado", disse uma moradora do Água Limpa, que preferiu não se identificar em respeito a família de Denis.
 
"É um momento muito triste para a classe dos metalúrgicos. Só na última semana foram duas mortes. Estamos cobrando, insistentemente, da direção da empresa a melhoraria da segurança de trabalho", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Silvio Campos.
 
Um amigo de Denis e das demais vítimas do acidente pediu para não ter o nome revelado: ele conta que trabalha há mais de 10 anos na usina e que teme por sua vida e de seus amigos, já que, segundo ele, as condições de segurança oferecidas pela CSN não estão sendo suficientes para proteger os seus operários. "Eu morro de medo, mas preciso do meu emprego. Muitos outros acidentes acontecem na usina e não são divulgados. Um dia antes do Renan Martins morreu, aconteceu outro acidente no Alto Forno, na hora de religar. Graças a Deus ninguém morreu, mas os colegas tiveram queimaduras leves", disse o operário.
 
 
Adaptado do jornal A Voz da Cidade
Contribuição de Marko Ajdaric

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