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O fim chegou até mesmo para quem detém mina para extração de minério de ferro.

Geral, 30 de Janeiro de 2015 às 14:56h

O fim chegou até mesmo para quem detém mina para extração de minério de ferro.  É o que está acontecendo com a Sidepar (Siderúrgica do Pará), que opera quatro alto fornos em sua planta no Distrito Industrial de Marabá e não depende da Vale para comprar minério de Ferro. É que a guseira tem uma mina em Floresta do Araguaia e traz de lá a principal matéria prima para a produção do ferro gusa.

 No efeito dominó que se iniciou em 2008, o Distrito Industrial de Marabá viu. uma a uma, fecharem as nove empresas do setor em função da crise mundial que fez despencar o preço do minério de ferro e também do gusa. Agora, só resta a Ibérica, que está com sinal de alerta ligado [ver notícia adicional, abaixo] e sobrevive graças a um acordo de recuperação judicial que está quase para terminar.

Embora também tenha sido afetada pela queda do preço do aço, a Sinobras [ver box] não entra na conta das nanicas guseiras porque sua produção é comercializada no mercado nacional e está prestes a alcançar auto-suficiência na produção de carvão vegetal por ter investido de forma correta e de acordo com a legislação no plantio de eucalipto em dez fazendas no vizinho estado do Tocantins.

 Segundo Neiba Nunes, à época do auge do polo guseiro de Marabá, as 11 siderúrgicas chegaram a gerar 8.600 postos de trabalho. Agora, apenas com a Ibérica, que opera somente um alto forno, existem só 250 trabalhadores empregados no setor, que entra em estado quase total de inanição.
 Em relação à Sidepar, Neiba lamentou o fechamento da empresa e confirmou que manteve reunião na última semana com diretores daquela indústria, que garantiram que vão honrar o compromisso com os trabalhadores, pagando as indenizações devidas. "A tristeza não é apenas pelo fechamento da Sidepar, mas por falta de uma política pública para que o Brasil não viva apenas de exportar matéria prima e depois comprar produtos industrializados lá de fora", lamentou.

 Um dos fatores que desmotivaram os diretores da Sidepar, segundo Neiba, é o baixo preço do ferro gusa que a China está praticando no mercado internacional, vendendo o produto por 200 dólares da tonelada, enquanto o custo dela para produção aqui seria de 350 dólares. "Temos uma carga tributária muito alta. Apesar de toda a estrutura logística que possui e ainda uma mineração própria, a Sidepar também não aguentou e está encerrando suas atividades", disse Neiba.
 Como se trata de demissão coletiva, o sindicato Simetal vai acompanhar o processo de desligamento e rescisão. A empresa teria garantido que o dinheiro de pagar as indenizações está garantido, e que o drama vivido pelos funcionários da antiga Cosipar não vai se repetir.
 Todavia, resta saber se as empresas fornecedoras da Sidepar terão o mesmo tratamento dos trabalhadores ou se precisarão ingressar na justiça para receber o que lhes é devido.

 Em 2013, a Sidepar alcançou vendas de 177.000.000 dólares, mas um lucro de apenas 1.300.000 dólares, apresentando uma rentabilidade de 2,1%.
 Outro problema para Sidepar tem sido a dificuldade em comprar carvão vegetal de forma legal. Em 2011, a indústria foi multada em R$ 200 milhões por utilização de carvão oriundo de desmatamento ilegal para fabricação do ferro gusa.

 O IBAMA acusou a siderúrgica de usar caminhões próprios para buscar o carvão em áreas de desmatamento clandestinas e, para isso, utilizava guias de autorização emitidas por empresas fantasmas. Ao comprar o carvão ilegal, a siderúrgica economiza até 60% por metro cúbico. O carvão de madeira reflorestada custa, segundo o IBAMA, em média R$ 100 por metro, incluindo o custo de transporte. O carvão ilegal é vendido por R$ 40 ou R$ 50 o metro.
Box / Sinobras

A 'falência múltipla' não computa os dados da Siderúrgica Norte do Brasil (Sinobras), isto porque a empresa não é uma guseira como as demais, mas já atua no ramo da produção de aço e não de exportação do gusa. Hoje a Sinobras é um gigantesco complexo industrial cercado de fábricas fechadas por todos os lados.
E a partir do segundo semestre de 2016, começa a expansão da produção de aço, que fará a fábrica de Marabá saltar das atuais 300 mil toneladas/ano para 800 mil toneladas.

Esse investimento, que já recebeu aval do governo do estado e da prefeitura de Marabá, vai movimentar diretamente a economia local, aumentando sobremaneira os empregos diretos oferecidos pela empresa, que atualmente somam 1.320 postos de trabalho.

Possivelmente, alguns dos trabalhadores que agora amargam a demissão e seus efeitos devastadores, podem ser encaixados na Sinobras, mas ainda resta muito tempo antes que as contratações ocorram, pois o empreendimento vai movimentar primeiro a construção civil.

Fechada em outubro de 2012, a Cosipar, que já foi a maior guseira dos tempos áureos do Distrito Industrial de Marabá, até hoje, ainda não pagou todos os direitos trabalhistas dos metalúrgicos demitidos. E isso preocupa os trabalhadores que foram mandados embora da Sidepar agora.

Segundo o companheiro Neiba Nunes Dias, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Marabá (Simetal), por se tratar de demissão coletiva, o Simetal vai acompanhar todo o processo de desligamento e rescisão, justamente para garantir que o drama vivido pelos funcionários da antiga Cosipar não se repita.

Ainda de acordo com Neiba Dias, a empresa garantiu que o dinheiro de pagar as indenizações está garantido. Mas a empresa, no final do ano, também disse que ninguém seria demitido.

Além disso, resta saber se as empresas fornecedoras da Sidepar terão o mesmo tratamento dos trabalhadores ou se precisarão ingressar na Justiça para receber o que lhes é devido.

A Ibérica deve também fechar as portas
O blog do jornalista Hiroshi Bogéa [http://www.hiroshibogea.com.br] afirma que a direção da Ibérica deve seguir o mesmo caminho: desligar seus altos fornos, já no início do mês de fevereiro.

Também consultamos Marabá News, o próprio Neiba, além do jornal paraense Correio
Contribuição de Marko Ajdaric

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