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Goiana, um refelexo da mudança do mapa macional dos metalúrgicos

Geral, 26 de Janeiro de 2015 às 16:12h

São Bernardo do Campo – João Batista da Silva, de 67 anos, se recorda de quando deixou Solidão (PE) em direção a São Paulo, em 1968, numa viagem que durou alguns dias. 'Não havia empregos em minha região. Queria ser metalúrgico aqui para fugir da fome de lá'.

No ABC, ele fui operário da Volkswagen e da Toyota. Aposentado, o pernambucano não teve a mesma oportunidade de Alex Araújo, de 33, que nasceu no mesmo estado e conseguiu uma vaga na unidade que o Grupo Fiat Chrysler Automobiles irá inaugurar este ano em Goiana, a 70 quilômetros do Recife, aonde será produzido o Jeep Renegade.

'Meu pai precisou de ir para outro estado para conseguir emprego na metalurgia. Agora as coisas estão diferentes. Consegui perto de casa", conta Alex, que mora em Igaraçu, a 30 quilômetros de Goiana. O rapaz, que deseja ser aprovado no vestibular de engenharia de produção, está passando uma temporada de três meses no ABC, onde faz um curso em metalurgia. Se tivesse nascido algumas décadas atrás, completa ele, talvez estivesse na região em busca de emprego nas montadoras.

Alex não foi o único contratado pela Fiat a participar de cursos no ABC: 'Somos umas 30 pessoas". Vicente da Silva, de 36, Max Gomes, de 23, e Cosma Nascimento, de 31, são algumas delas. 'As coisas estão bem diferente da época de nossos pais", conta o mais velho, que está animado para começar a trabalhar na planta de Goiana, cujo investimento foi em torno de R$ 4 bilhões. De acordo com ele, a chegada da montadora na região ajudou a gerar vagas em outras empresas: 'São, por exemplo, de pessoas que deixaram o antigo trabalho para ir para a Fiat".

João, o pernambucano de Solidão que chegou a São Paulo no fim da década de 1960, garante que, se fosse da idade de Alex e dos outros jovens, teria ficado no estado natal: 'Seria metalúrgico lá. Quando cheguei aqui, o ABC era puro mato. Está tudo diferente". A abertura de outras montadoras fora do polígono conhecido como primeiro centro da indústria automobilística do país ajudou a reduzir a oferta de vagas nas montadoras do ABC.

REFLEXOS

A redução do número de operários nas montadoras do ABC, comparando principalmente com as décadas de 1980 e 1990, e a queda na venda de veículos ao longo do último ano refletem em outros setores da economia local. Até a doceria do português Sérgio Monteiro Gomes, no Bairro Terra Nova II, em São Bernardo do Campo, sente os efeitos.

'O setor de metalurgia é uma rede. Se a montadora não vende carros, as cegonheiras têm menos serviço e pode ocorrer o desemprego nas transportadoras. O comércio sente a perda, como o meu, uma vez que os filhos e as esposas desses motoristas são meus clientes", explica Sérgio, dono da Doceria Cris. Os comerciantes informais que ganham a vida na porta das montadoras também lamentam a queda nas vendas nos últimos anos. 'Eu vendia muito mais mercadoria no passado", conta um sergipano que negocia produtos – alguns piratas – na porta da Ford.

Adaptamos texto de Paulo Henrique Lobato, do jornal Estado de Minas

Controbuição de Marko Ajdaric

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