Mesmo com as receitas em queda, o setor de mineração e metalurgia manteve-se como um dos mais ativos na campanha eleitoral deste ano e despendeu R$ 47.700.000 para ajudar 166 dos 513 deputados federais e 14 dos 27 senadores eleitos em outubro, mostra levantamento do jornal Valor nas prestações de contas entregues ao TSE (ou seja, só temos aqui as oficiais).
O setor mineral é um tradicional doador de campanhas eleitorais e tem especial interesse nas discussões do Legislativo a partir de 2015. O atual Código de Mineração data de 1967 e desde o fim do governo Lula é debatida uma atualização das normas. Em 2013, a presidente Dilma Rousseff encaminhou proposta sobre o tema, mas não houve acordo entre os envolvidos e a votação deve ficar para o próximo mandato.
Não por acaso, 7 dos 10 deputados eleitos que mais receberam verbas do setor ocupam hoje assento na comissão especial da Câmara que discute o novo marco legal do setor. Os outros três são César Souza (PSD-SC), que não é deputado atualmente, Iracema Portela (PP-PI), esposa do presidente nacional do PP, e Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA), próximo ao setor e que tem vaga em outra comissão de interesse das mineradoras, a que discute a proposta de emenda constitucional (PEC) que determina a incidência de ICMS na exportação de minerais.
A lista é liderada por Guilherme Mussi (PP-SP), que recebeu R$ 3.100.000 da Indústrias Brasileiras de Artigos Refratários (Ibar), empresa de sua família que atua nos ramo de metalurgia. O pepista, um dos integrantes da comissão do novo código da mineração, declarou ainda doação de R$ 250.000 da Vale.
Em seguida estão o relator do código de mineração, Leonardo Quintão (PMDB-MG), que contabilizou R$ 1.480.000 em doações de 9 empresas - a principal delas, da Vale, de R$ 700.000 - e o deputados Luiz Fernando Faria (PP-MG), que registrou R$ 1.400.000 em contribuições de 8 empresas - de novo, a maior é da Vale, de R $ 800.000.
Na eleição para o Senado Federal, em que estavam em disputa 27 das 81 vagas - as outras só serão renovadas em 2018-, as empresas do setor doaram R$ 9.800.000 para as campanhas de 14 eleitos [afora os não-eleitos]. Lembre-se que assim que o texto do código for aprovado na Câmara dos Deputados será a vez dos senadores analisarem a matéria.
Quem mais recebeu foi a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), que participa da comissão do novo Código de Mineração na Câmara. Eleita senadora, ela tem como primeiro suplente um empresário do ramo: Luiz Pastore (PMDB), dono da Copper Trading, que deu R$ 1.200.000 para a pemedebista. Rose, que arrecadou R$ 2.900.000 do setor, recebeu ainda da Indústria Brasileira de Metais (IBRAME), Bramagran Mármores e Granitos e Vale.
Rose foi seguida por dois tucanos no ranking de arrecadação: os ex-governadores de Minas Gerais Antônio Anastasia e de São Paulo José Serra. Em ambos os casos, a Vale, que distribuiu dinheiro por meio de seis empresas do grupo, foi a maior doadora entre as empresas do setor.
A Vale, maior companhia de mineração do país, é também a que mais contribui com campanhas eleitorais este ano. Distribuiu R$ 21.100.000 para 109 deputados e senadores eleitos, mais do que as grandes empreiteiras, empresas de bebidas e bancos brasileiros, outros setores bastante procurados pelos parlamentares na época da eleição.
Também se destacaram nas doações a ArcelorMittal, que contribuiu com a eleição de 32 congressistas, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que repassou dinheiro para 28 parlamentares, e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que doou para 26 deputados e senadores eleitos. São bancadas maiores, por exemplo, que as de partidos tradicionais como DEM, PDT e PCdoB.
Fonte: adaptamos de jornal Valor
Contribuição de Marko Ajdaric