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Malásia: o inferno dos trabalhadores é aqui

Geral, 22 de Setembro de 2014 às 18:07h

Um em cada três empregados da indústria de equipamentos eletrônicos na Malásia trabalha em condições análogas à escravidão, com restrição de liberdade e trabalhos forçados.

Em laranja, os 2 lados da Malásia
 
A constatação está presente em um relatório realizado pela OnG Verité, com sede nos Estados Unidos, levada a cabo a pedido do governo norte-americano e divulgado na quarta-feira (dia 17).
 
O levantamento aponta que 32% dos trabalhadores da indústria eletrônica, aproximadamente 200.000 imigrantes, realizam trabalho forçado, uma vez que têm o passaporte apreendido, são forçados a pagar altas taxas ilegais de recrutamento, criando altas dívidas, sofrem ameaças físicas e são coagidos a fazer horas extras.
 
"Os resultados sugerem que o trabalho forçado está presente na indústria eletrônica da Malásia e, de fato, pode ser caracterizado como generalizado", afirma a Verite, que entrevistou 501 trabalhadores em 200 fábricas no país.
 
A indústria eletrônica é uma peça-chave da economia malaia e fornece semicondutores, periféricos de informática, equipamentos de comunicação e outros produtos a marcas famosas como Apple, Samsung e Sony.
 
O sucesso do setor, no entanto, é baseado, em parte, na exploração dos trabalhadores estrangeiros, pobres e vulneráveis procedentes da Indonésia, Nepal, Índia, Vietnã, Bangladesh e Mianmar, afirma o estudo da OnG.
 
92% dos entrevistados tiveram de pagar 'taxas de recrutamento', cobradas tanto nos países de origem, como na Malásia. O valor "geralmente excede os parâmetros legais e industriais equivalentes a um mês de salário
 
Metade dos imigrantes disse ter levado mais de um ano para quitar o valor e 92% fizeram horas extras para tentar pagar a dívida. Os trabalhadores também relataram ser impossível deixar o trabalho sem encerrar a dívida.
 
O relatório aponta também que 94% dos imigrantes não estavam com o passaporte no momento em que a equipe esteve com eles. Outros 71% afirmaram ser difícil obter o documento no momento em que precisam.
 
30% dos trabalhadores estrangeiros entrevistados denunciaram que são obrigados a dormir em quartos pequenos, onde são colocadas até oito pessoas. Também foi relatado que a liberdade de movimento é restrita, já que os passaportes são apreendidos. Outros 22% disseram que foram enganados a respeito das condições de trabalho e a pressões para horas extras no recrutamento.
 
Colaboração: Marko Ajdaric, adaptado de Opera Mundi 

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